A produção de tilápia pode ultrapassar a de frangos e suínos nos próximos 25 anos.
Produção da piscicultura brasileira pode superar frangos e suínos nos próximos anos; “Tilápia caminha para ser a próxima força global da proteína brasileira” – afirma diretor da MCassab.
O primeiro semestre de 2024 foi positivo para a piscicultura brasileira tanto em termos de produção quanto de exportação, ambos acompanhados pelo regular abastecimento do mercado interno, reafirmando a tendência de crescimento da atividade, como verificado nos dez anos de levantamentos da Associação Brasileira da Piscicultura (Peixe BR). “Tivemos aumento da oferta de peixes em todas as praças e com boa remuneração ao produtor. Os custos mantiveram-se estáveis. Em média, um quilo de tilápia comprou mais de três quilos de ração”, aponta Francisco Medeiros, presidente executivo da Peixe BR.
Para Medeiros, a boa produtividade no primeiro semestre está diretamente relacionada ao maior alojamento de alevinos nos últimos meses de 2023. “Igualmente importante, as exportações seguem nos surpreendendo. O acumulado do primeiro semestre proporcionou receita equivalente a 96% do faturamento de todo o ano passado”. Os dados são do Informativo do Comércio Exterior da Piscicultura, da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), elaborado em parceria com a Peixe BR. Falando em bons números, o diretor e acionista do Grupo MCassab Nutrição e Saúde Animal, proprietário da Fider Pescados, Mario Sergio Cutait, falou sobre o crescimento do setor durante o Salão Internacional da Proteína Animal (SIAVS), em São Paulo (SP).
“O Brasil é o quarto maior produtor mundial de tilápia – atrás apenas da China, da Indonésia e do Egito. Produzimos cerca de 600 mil toneladas por ano. Em 2022, a aquicultura ultrapassou a produção de pesca por captura. Esses fatos nos levam a crer que, em 25 anos, a aquicultura poderá produzir mais do que frangos e suínos“, afirmou Mario. Durante painel sobre o futuro das proteínas animais, Cutait ressaltou que a tilápia tem todas as condições para se tornar a próxima força da proteína brasileira. Os motivos são vários. O Brasil conta com mais de 5 milhões de hectares de reservatórios de água doce e tem produção abundante de grãos do Brasil. Quem também certifica as afirmações de Mario Sergio é Francisco Medeiros, presidente executivo da Peixe BR. “A projeção de que a produção da aquicultura daqui a 25 anos será superior à de suínos e aves não é nada tão fora da realidade – já que a atividade reúne todas as condições para que isso aconteça” – afirmou o presidente. Segundo Francisco uma dessas condições é a grande oferta de insumos para a produção de ração e recursos hídricos – algo que poucos países possuem. Vale também lembrar que o pescado é a proteína animal mais consumida no mundo e, atualmente, a produção aquícola já é superior à pesca, que está em declínio no mundo inteiro, sem perspectiva de retomada.
“O setor está trabalhando para alcançar esse feito por meio de investimentos vultuosos. Nesse quesito, entra um aspecto extremamente importante que tem a ver com o empreendedor do agronegócio brasileiro. Ele sabe como transformar uma oportunidade em efetivamente um grande negócio. Então nós temos todas as ferramentas para fazer isso. Temos tecnologia, insumos e recursos hídricos, além do conhecimento para vender proteína animal pelo mundo afora” – nos revelou Francisco. Além disso, o clima é favorável e há crescente demanda do mercado interno e externo. Além disso, a produção de peixes de cultivo deve aumentar 10% ao ano até 2032. “Essa notícia é fantástica para o Brasil. A tilápia está trilhando o mesmo caminho do frango 50 anos atrás.
E, melhor ainda, nós temos logística para exportar filé fresco por via aérea para os Estados Unidos, o maior consumidor de tilápia do mundo. É indiscutível, também, o melhoramento genético e nutricional da espécie, o que proporciona ganhos periódicos de produtividade. Sem contar a produção com sustentabilidade, característica do nosso país”, complementa Mario Sergio Cutait. O diretor do Grupo MCassab também mostrou no evento os motivos que impulsionam a produção da Fider, que cresce ano após ano. “A empresa produz 10 mil toneladas de tilápia por ano em sua moderna unidade de processamento de Rifaina (SP). Além disso, tem uma Área de Preservação Permanente com diversas espécies em risco de extinção. A Fider combina produção com preservação e está moldando o futuro da piscicultura no país”, finaliza Cutait.